Em 2020, de acordo com o cadastro de inscrição do Conselho Federal de Psicologia, 89% dos profissionais de Psicologia no Brasil são mulheres. Porém, nem sempre a ciência - qualquer uma - foi assim.
Quando o assunto é saúde mental e emocional, muitas vezes os primeiros nomes que vêm à mente são masculinos: Freud, Jung, Lacan, entre outros. Mas, sem retirar qualquer mérito desses homens, houve também grandes mulheres que se destacaram como pioneiras e exerceram grande influência na área, em épocas em que era uma exceção o acesso das mulheres aos estudos ou a posições acadêmicas.
Entre essas mulheres há, por exemplo, Nise da Silveira, reconhecida mundialmente por sua visão e métodos que revolucionaram o tratamento de transtornos mentais no Brasil. Entre tanta dedicação e empenho, estudou no "Instituto Carl Gustav Jung", na Suíça, nos anos 50, recebendo supervisão em Psicologia Analítica.
Mary Whiton Calkins foi a primeira mulher presidente da American Psychological Association, em 1905. Ela escreveu mais de cem trabalhos sobre Psicologia e, embora tenha completado todos os requisitos para um doutoramento em Harvard, a universidade recusou-se a conceder-lhe esse grau, por ser uma mulher.
Anna Freud, filha do famoso psicanalista Sigmund Freud, tornou-se influente por mérito próprio, contribuindo imensamente para o campo da psicologia infantil.
Muitas outras, entre as quais estão as brasileiras Annita de Castilho e Marcondes Real, Carolina Martuscelli Bori, fizeram também importantes contribuições para o desenvolvimento da Psicologia como ciência e como profissão.
Aqui, no estado do Rio de Janeiro, Ana Maria Feijoo é uma referência de extrema representatividade no estudo, na pesquisa acadêmica e na psicologia clínica no campo da Fenomenológica-existencia. Propagando saberes e desbravando campos de aplicação cada vez mais sólidos à Daseinsanalyse, que é uma linha de psicoterapia baseada nos pensamentos do filósofo alemão Martin Heidegger.
A mulher moderna é, entre tantas coisas, uma potência de multitarefas, que ainda precisa lutar diariamente pela igualdade e por melhores condições de vida e trabalho. Cansadas da discriminação de gênero e de diferenças injustificáveis, elas têm caminhado - e lutado - no sentido de tornarem mais justa esta trajetória. Com mais respeito, reconhecimento e preservação de direitos. Mesmo que muito já tenha sido feito nas últimas décadas, resta ainda muito por fazer...
No mês da mulher, faço aqui minha homenagem às minhas colegas psicólogas, que, como essas grandes mulheres ao longo da história, conquistaram seu espaço e oferecem seu talento e conhecimento para, de forma tão acolhedora, cuidar da saúde mental e emocional de uma população que nunca precisou tanto dessa profissão.
A atuação relevante e extremamente preciosa delas na Psicologia - e a possibilidade que têm de fazer a diferença em tantas vidas - é, sem dúvida, um avanço a ser celebrado e um exemplo a ser seguido.
Um Salve e Salve ao Mês da Mulher!
Março2020
@psikleberpereira
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