Sabemos que o Brasil é um país com imensa diversidade étnica e que os brasileiros são fruto da miscigenação entre povos indígenas, africanos, europeus e asiáticos. Hoje, mais de 55% dos brasileiros são negros ou pardos.
Mas esse caldeirão cultural, ao mesmo tempo em que promove diversidade, lamentavelmente ainda gera enorme preconceito, não somente nas questões raciais, mas também nas relações econômicas, hierárquicas e de gênero.
No caso específico do racismo, somos marcados por problemas que perduram séculos e continuam a promover uma visão distorcida e pejorativa do outro.
Muitas pessoas sofrem preconceito racial todos os dias, em situações diversas, familiares, profissionais, sociais, na infância, adolescência e na vida adulta. Algumas lidam melhor com essas situações; outras, nem tanto.
• O Sofrimento Psíquico no Racismo
As cargas emocionais geradas pelo racismo variam muito de pessoa para pessoa. Mesmo diantes dos avanços recentes no combate ao racismo - inclusive do ponto de vista das leis -, a mudança de uma cultura não acontece da noite para o dia. Ainda há muito o que evoluir nesta luta e, enquanto ela acontece, é preciso cuidar de quem sofre.
Do ponto de vista psicológico, o racismo pode instalar problemas importantes, ligados à autoimagem e autoconfiança, senso de inadequação, inferioridade, frustração e injustiça, além de um processo de ansiedade e tristeza muito grandes.
● Como o racismo estrutural afeta a saúde mental?
Quem sofre racismo no Brasil tem a sua saúde mental atacada corriqueiramente. As pessoas negras compelidas ao sofrimento pelo racismo sistemático, muitas vezes, se sentem incapazes, insuficientes e culpadas por ser quem são - segundo um estudo desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) em 2019. Elas acreditam ser o problema e, se não fossem negras, provavelmente não sofreriam ou “causariam sofrimento” aos demais.
O racismo faz com que as pessoas negras se sintam inferiores. Esse pensamento limita as escolhas de vida e ainda pode conduzi-las a tomar decisões menos proveitosas para si mesmas. Algumas podem até aceitar ser injuriadas porque acreditam merecer esse tipo de tratamento.
Essas crenças podem ser construídas já na infância, quando a criança negra frequenta a escola ou outros ambientes sociais e sofre discriminação. Assim, cresce pensando ser inconveniente, trazendo o problema para ela mesma, ou pensando que os outros são inconvenientes, ficando com raiva do mundo.
Ambas as formas de pensar são prejudiciais para a saúde mental porque promovem estilos de vida moldados na raiva ou na baixa autoestima. A probabilidade dessa criança desenvolver uma depressão, síndrome do pânico, ansiedade generalizada ou transtorno de estresse pós-traumático é muito maior.
Jovens profissionais negros também têm inclinação a sofrer mais com o estresse. Um ambiente de trabalho tóxico, onde colegas de trabalho o maltratam ou o ignoram por questões raciais, causa danos imensuráveis à saúde mental de jovens e adultos.
Como a sociedade brasileira ainda cultiva a negação do racismo estrutural é difícil para essas pessoas encontrarem recursos e informações capazes de ajudá-las. Quando vão falar com amigos, professores ou colegas, não encontram o mesmo ponto de vista. Então, será que elas estão vendo coisas e sendo dramáticas, ou há realmente algo de errado?
• O Amparo Psicoterapeutico
A Psicologia pode ajudar muito quem teve a autoimagem atacada e prejudicada pelo racismo. Nestes casos, o psicólogo deve oferecer uma escuta ampliada, que leve em conta, além da história individual do paciente, o racismo estrutural.
A intervenção psicológica pode ser determinante, ao atuar realizando o movimento de acolhimento da vítima através do alívio, ao expressar-se, elevando sua autoestima, reduzindo seu desconforto o quanto possível. Logicamente, a administração terapêutica da ansiedade, dos estados depressivos e do estresse serão paralelamente administrados, com atuações de terapias que ajudem a desestigmatizar a relação do racismo internalizado, com a busca por seus direitos e o estado de alerta defensivo causado pelas circunstâncias recorrentes.
Neste sentido, a psicoterapia atua também, na prevenção e redução de danos causados pela discriminação e bullying. Nos atendimentos, a maioria das situações provenientes de racismo, demonstram claramente que deve-se exercer a educação sobre direitos, para que se possa agir de forma assertiva. As modalidades e técnicas de intervenção ajudam a promover um melhor entendimento sobre a questão do racismo e saúde mental para o paciente.
É notório que a psicoterapia pode levar a pessoa à uma potente e poderosa caminhada, que a faça se apropriar da sua história, ressignificar as possíveis distorções na forma como enxerga a si mesma e construir uma nova imagem, forte e segura, baseada no seu valor verdadeiro e na noção clara de sua importância no mundo.
Agende sua consulta e conte comigo para acompanhar sua jornada de autoconhecimento, conquistas e empoderamento pessoal.
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